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sábado, 1 de junho de 2013

Nos prados, amigos, como é bom brincar!

Com o sol e o bom tempo, veio a possibilidade de sair.
Ontem fomos ao "caminho secreto".
Estas saídas são sempre muito enriquecedoras, primeiro porque eles podem brincar em completa liberdade, o que os leva a experimentar coisas novas, a usar materiais diferentes, a observar, a fazer novas experiências, a criar, a construir, a interagir, a organizar-se, a coordenar tarefas com os pares, a compartilhar ideias, a expor os seus pontos de vista e ainda lhes permite estar em contacto direto com a natureza. Eles gostam muito destas saídas.
Ontem fomos ao "caminho secreto", um lugar que para eles é encantado e cheio de coisas fascinantes, sobretudo agora, na primavera, em que as flores e os bichinhos estão por todos os recantos (para mim não tem assim tanto encanto porque, com o meu olhar de adulta, vejo o lixo e toda a espécie de porcarias. Porém não é nada que um saco de toalhetes e um frasquinho de desinfetante não resolva, pelo menos até se chegar à escola, onde podemos lavar as mãos com muita aguinha e sabão).
Ontem a caça foi ao pirilampo e ao caracol. Que me perdoem os ecologistas, mas eu deixei. Ver o sorriso estampado no rosto de uma criança, ou ouvir os gritos de felicidade por ter vencido o medo e ter conseguido "agarrar o bichinho", vale bem qualquer "peso de consciência" que o  amor à ecologia possa criar. E no final, eles até foram cuidadosos e a carnificina nem foi grande. Apanharam os bichinhos para as "caixinhas do tesouro" (cada um tem uma) e transportaram-nos para o canteiro do recreio. Claro que na hora do almoço, ali pertinho da terra e do fresco, os bichinhos saíram das caixinhas e seguiram o seu caminho. As caixas ficaram vazias, mas ninguém se importou porque a realidade do momento já era outra...

Caminho secreto on PhotoPeach

Ah... Já me esquecia de contar...
Nestes passeios, os rapazes vão verdadeiramente "à caça". Pegam num pau e na sua caixinha e "passam a pente fino" os muros, buraquinhos e todos os recantos onde sonhem que pode haver qualquer coisa a mexer. Depois agarram nos "bichinhos", observam-nos e estudam-nos com muita atenção e um olhar de perito na matéria.
Por vezes arranjam uma caixa maior e tentam reconstruir um habitat. Ontem o Rodrigo Vicente construiu "uma cidade" para os seus três pirilampos, que continha uma moradia de luxo, com cama e tudo, que até tinha uma trave para eles fazerem ginástica. A cama era um malmequer amarelo, daqueles que têm um cheiro muito ativo, e talvez atraídos pelo pólen ou pela cor, o que é certo é que os pirilampos atravessaram a trave e foram todos para cima do malmequer. Não imaginam a felicidade do Rodrigo porque, segundo ele, os pirilampos gostavam muito da cama que eles lhes tinha preparado!
As meninas, em vez disso, constroem jardins e presentes para oferecer. A Beatriz Pinto apanhou algumas flores e uma série de formigas. Depois, numa caixinha vermelha, criou "o Jardim das formigas" que fechou cuidadosamente com fita-cola para oferecer hoje ao pai, que faz anos. Juro que adorava ver a cara do senhor quando abrir o presente que a filha lhe preparou. E o carinho com que lhe preparou aquele presente... Comoveu-me!
A Mariana também fez um jardim cheinho de "formiguinhas", para o avô. Ver a felicidade a brilhar nos seus olhitos quando chegou a hora de ir fazer a sua oferta, fez-me ganhar o meu dia.
É por estas coisas e apesar das dificuldades e contrariedades que por vezes vão surgindo que ao fim de tantos anos de serviço eu continuo entusiasmada. Ontem ganhei o meu dia!