É verdade... Há dias que são ilhas... às vezes ilhas tropicais, com palmeiras , águas limpidas e paz e outros ilhas em mares tempestuosos, com vagas alterosas, que invadem a terra e não deixam nada no seu lugar...
Sexta -feira foi um dia assim... Um dia de vagas alterosas.
Já há uns dias que a tempestade vinha a ser anunciada... Com a chegada da primavera e um segundo período longo de mais e muito cansativo, as crianças andavam irrequietas, cansadas, a bocejar desde manhã, excitadas e implicativas.
Já não conseguiam falar baixo nem estar concentrados numa tarefa. E por vezes até esqueciam quem era o adulto e quem são as crianças...
Já há alguns dias que se vinha chamando à atenção para o tom de voz, para a forma de estar na sala e para a diferença entre os vários espaços que fazem parte da sua vida que, infelizmente nos nossos dias, têm as suas funções bastante baralhadas e as crianças parecem não saber a diferença entre o espaço escola/ professor e o espaço casa/família, que são distintos e devem ser diferentes e que só quando são diferentes ajudam a criança na sua autonomia e crescimento saudável.
Ora a sexta feira começou bastante mal... Eles chegaram logo de manhã à sala barulhentos, implicativos, incapazes de ouvir o outro, ou meio a dormir incapazes de reagir e de responder aos desafios lançados porque a falta de descanso tem duas vertentes, a vertente da excitação com consequente descontrolo de acções e de palavras e a vertente da inactividade que os deixa numa dormencia de sentidos e de reacções. E no meio do descontrolo de algumas crianças, aconteceu; ao querer prestar auxilio a uma das crianças, os meus oculos partiram-se. Fiquei um bocado zangada. Zangada com a inatvidade de uns e com a excitação de outros que não conseguem ter controlo nos seus actos, nem sequer passar pelos outros com cuidado e atenção. E desta vez não houve lugar a conversas mansas, que palavras, pelos vistos, leva-as o vento e, durante o dia não tiveram o previlégio de ser tratados como meninos crescidos que sabem o que estão a fazer e se controlam. Por isso, durante todo o dia se fizeram actividades orientadas e jogos de grande grupo como se fossem tão bebés que não soubessem ainda decidir por si próprios. E agora, só pode ser chefe quem for tão crescido que saiba respeitar os outros e as regras da sala que foram criadas por todos nós. É que nós estamos na escola é para aprender e não para fazer apenas aquilo que nos apetece.
Parece que resultou. Hoje as crianças chegaram mais descansadas, estão calmas e a sala, por agora, está em paz.
Esperemos que tenha chegado o tempo de bonança e que tenha vindo para ficar. Que daqui para a frente, estes dias que são ilhas, sejam ilhas de serenidade e de bonança, ilhas de desenvolvimento harmonioso e de paz.
2 comentários:
... e quem fala assim, não é gago!
É verdade, Luz, todos nós, educadores, sabemos que há dias assim e o mais correcto é mesmo admiti-lo e procurar resolvê-lo da melhor forma.
Foi o que procuraste fazer, tendo em conta o conhecimento que tens do grupo e daquilo que as crianças precisam.
E os blogues são também para isto: não só para dar visibilidade ao "bonito" e ao "bom", mas também a outras coisas, talvez menos "doces"... mas que também fazem parte dos nossos dias.
Continuação de bom trabalho!
Bjs, Juca e Sala Fixe
Tens toda a razão, Luz!Há momentos...e acontecimentos e atitudes/tomadas de decisão...faz parte da vida, do crescimento e há que agir!
Bjs para todos e bom trabalho,
Teresa Rebelo
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