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sábado, 27 de outubro de 2012

E para terminar... Em tempo de crise, soluções à vista?...

E para terminar este assunto desagradável e encerrar de vez a nossa "Quinta feira negra" deixo aqui a resposta ao comentário de um dos pais da sala. Assim tento também descansar os outros pais...(Este bloger anda louco e agora não deixa espaços entre as frases... o texto fica corrido... Bom, paciência...) Pai Fernando Muito obrigado pelas suas palavras e pela frase do Miguel Esteves Cardoso, muito sábia e verdadeira (Vou registá-la). Sem dúvida que a nossa conversa de início do ano, resultou. É isto que acontece quando a escola e a família unem forças para ajudar as suas crianças a desenvolver plenamente todos os seus talentos, dons, capacidades e potencialidades. E quando penso no seu filho e em todas as outras crianças do grupo, fico comovida. Eles são um dom e eu tenho muita sorte por poder estar diariamente com eles. Este é um grupo diferente dos que sempre tive em Valejas... É um grupo agitado e que não me dá tréguas, mas isso não é forçosamente mau, pelo menos para mim, pois obriga-me a mexer, a sair do marasmo, a afinar estratégias, a adaptar-me e a reiniciar. O que me zangou na quinta feira foi o facto de uma das crianças, que vinha cheia de sono e portanto implicativa e muito agressiva para com os pares, num dos seus momentos de descontrole,me ter dado um "estalo", involuntário bem sei, porque esta criança tem uma força imensa e quando está agitada, tem um descontrolo dos membros que me assusta. E o "estalo" que era destinado ao Santiago e que me apanhou pelo meio quando tentava acudir à situação, foi de tal forma violento, que me partiu os óculos e me fez rebentar o sangue do nariz, a mim que sou grande e bem gordinha... Imagine que tinha atingido o seu filho, ou uma criança das mais pequenas. Compreende agora a razão da minha zanga... Isto não pode continuar a acontecer. Isto é um risco que eu não quero correr. Mas também não há nada a fazer, porque o encarregado de educação, quando chamado à razão tem 3 argumentos: O primeiro é dizer que eu embirro com o menino porque não lhe faço as vontades. O segundo é dizer que acha que a organização da sala tem que mudar porque o menino não gosta dela como está, não gosta de estar no tapete, não gosta de vestir a bata, não gosta de trabalhar, nem gosta dos outros meninos, não gosta da escola... e o terceiro é que ele, encarregado de educação, não gosta que o menino chore. Pois eu digo aqui e bem alto. Este encarregado de educação vai chorar muito. Não agora, mas daqui a dois ou três anos e depois já vai ser muito tarde... Quando eu era pequena, a minha Mãe que na sua sabedoria de vida dura e simples de quem já tinha criado outros quatro filhos durante o tempo da grande guerra, repetia-me constantemente uma frase que eu detestava, mas que agora percebo o quanto me foi útil pela vida fora. Ela dizia: "Chora filha, chora muito. Antes quero que chores tu hoje, do que eu amanhã!" Pois é isto mesmo que vai acontecer a alguns Pais... É que vão chorar muito amanhã. A minha mãe referia-se à adolescência, mas com o rumo que as coisas levam estes Pais nem lá vão chegar, vão começar a chorar logo na entrada do primeiro ciclo. Mas descansem pais, isto não tem nada a ver com a maioria dos vossos filhos... Eu sou sempre direta e não consigo esconder o que sinto. Por isso, quando algo não está bem eu digo logo e digo-vos diretamente, não mascaro nem disfarço situações. E agora voltemos de novo à criança ou às crianças em causa... Tal como já disse, este descontrole e esta agressividade é um risco que não quero, nem posso correr.O que é que vou fazer? Vou seguir o conselho de Sebastião da Gama e vou amar. Vou pegar na criança ao colo, vou dar-lhe mimo, vou chamá-la a mim, porque é óbvio que esta criança não está preparada para viver em sociedade. E acho que, neste caso, a sua adaptação e sucesso futuro depende apenas de mim e dos seus pares que são, sem dúvida os melhores aliados do mundo. E não vou baixar os braços, vou montar guarda, vou estar sempre vigilante. Também vou assinalá-la desde já, (vou pedir ajuda à colega do apoio e à saúde escolar que sempre se mostrou um excelente aliado) porque acho que esta, como qualquer criança tem direito a todas as oportunidades e tem direito a ser feliz. Porém também tem deveres. Vamos ver... Também ainda só estamos em Novembro. Eu sei que nos outros anos já tínhamos feito um milhão de aprendizagens e de coisas divertidas. Mas eu tenho que pensar que este ano é diferente, tal como foram os anos da Brandoa, e mesmo assim deram muitos frutos. Este ano os frutos talvez não sejam tão a meu gosto, mas também não está escrito em lado nenhum que eu tenho que gostar de todos os frutos e como em educação de infância são eles que marcam o ritmo, vamos lá a desacelerar... E os frutos justos, certamente chegarão! Voltamos a falar deste caso lá mais para o fim do ano... Eu tenho a certeza que ainda vou ter grandes coisas a dizer acerca deste menino...

11 comentários:

Gabriela disse...

Força Luz, tu sabes o caminho agora é só dar tempo ao tempo e caminhar!
Bjs
Gabriela

belamaria disse...

força Luz! assim vai o estado da educação...

belamaria disse...

Coragem e muito ânimo...acho que precisamos todos nós, docentes!
Concordo plenamente com essa reflexão, os pais (alguns) demitem-se completamente da sua função de primeiros educadores e delegam tudo na escola.
E, para terminar, quando alguma coisa não corre tão bem...a culpa é sempre da escola!
Haja paciência :)

vilarinho disse...

Parabéns colega pela tua sensatez e pela força que tens e emanas.

Cristina Lares disse...

Luz!! És uma educadora de "mão cheia"!!
Beijinhos

Luz disse...

Cristina
Acho que o que sou devo à minha mãe... Montes de vezes dou comigo a repetir as suas palavras. Também devo uma grande parte à Maria João Ataíde, minha professora de pedagogia durante o curso base. Muito devo-o a vós, minhas companheiras e companheiros de profissão e com quem aprendo imensas coisas e outra parte devo-o à vida que também é uma excelente mestra...Por isso amiga a mão cheia tem que ser bem repartida pois também é fruto de todos vós. Bom fim de semana.

Fernando disse...

Mas que crise! Estávamos nós a pensar que a quinta-feira negra tinha ocorrido em 1929, no outro lado do Atlântico, quando temos uma em Valejas, e em 2012!
Para grandes males, grandes remédios…É claro que infelizmente, nestas situações, também há especuladores, e também aqueles que gostam de continuar a ser cegos. Mas, tal como diz a sua mãe, eu também gostaria que os meu filhos chorassem tudo agora. Agora, enquanto ainda me é possível confortar, explicar, viver com eles em busca de soluções maiores.
Apetece-me dizer muita coisa…mas infelizmente a sociedade é complicada, ou gostam de a complicar. No ano passado, quase que implorei a uma auxiliar de ação educativa da escola de S. Bento, para apresentar queixa de um menino do 4º ano, que tinha dito que ela era uma #&$?. Quando ouvi a criança a chamar aquilo, apeteceu-me pregar-lhe um estalo! Mas não o podia fazer. Quando cheguei ao meu emprego, liguei para a sede do agrupamento, e apresentei a situação. Nessa mesma tarde fui informado que a auxiliar cumpriu os procedimentos legais, e que o processo tinha iniciado.
Recordo, que a auxiliar, me disse que não valia a pena. Que depois teria chatices com os pais, etc. Mais tarde alguém me disse que o menino tinha problemas, que hiperativo, e coisas do género! Enfim, desculpas….o processo correu e a sanção disciplinar, bem ou mal, foi aplicada.
Uma das coisas que mais apreciei no novo estatuto do Aluno e ética escolar foi a responsabilização dos pais. Porque muitos não sabem, ou não querem saber o que isso é.
Vá em frente, e sabe que no terreno, terá de fazer a “guerra”, na retaguarda, haverá sempre um batalhão de pais, que em último caso, são (espero eu) a sua arma secreta!

Unknown disse...

Certos pais ainda não entenderam, ou simplesmente não querem entender, que em casa dá-se Educação , na Escola Instrução, ambas se complementam e resultam numa excelente criança e futuro adulto com valores morais.

Beijos

Unknown disse...

Bom dia Luz,

Agradeço desde já, por não seguir o caminho mais fácil que seria colocar aqui apenas as coisas boas que todos os dias vai tendo o prazer de partilhar com os nossos pequenotes e exponha as coisas como elas verdadeiramente o são.
Infelizmente nem todas as crianças têm a sorte de obter a melhor educação em casa, mas temos que manter a esperança que com o passar dos anos e com a convivência em sociedade que acabem por adquirir esses valores morais que nos movem diariamente.
Continue com essa vontade de querer o melhor para eles, pois só assim conseguimos fazer através deles um futuro melhor.

Continuação de um excelente trabalho,

Daniel

Luz disse...

Muito obrigado, Pai do Guilherme, pelo apoio e pelas suas palavras. Não imagina como me confortaram, depois desta semana que foi dura e difícil... E tem razão, seria muito mais fácil deixar andar, dizer apenas o que corre bem, esquecer o resto e cruzar os braços... Mas felizmente os vossos filhos estão por perto, compensam tudo e aclaram cada momento do dia com a sua generosidade, inocência e verdade. São o verdadeiro dom da vida! Muito obrigado por mos terem confiado!

Ana Peixoto disse...

Professora Maria da Luz,

Agradeço todos os dias a Deus, o facto, de a Professora Maria da Luz, ter cruzado nas nossas vidas.

Por tudo que li, relativamente a esta situação, acredito plenamente que, tomará a atitude mais correcta.

Nós pais é que somos os PRIMEIROS educadores das nossas crianças e não os professores.

Enfim.


Obrigada,
Ana Peixoto (Mãe do João António)