
Ontem tivemos um dia muito especial. A Bisavó do Diogo veio passar a manhã connosco.
E porque os opostos se atraem, mesmo com uma grande diferença de idades, eles entenderam-se como ninguém. E eu, mera espectadora, vi aquela simbiose de afectos fluir, sem nada que a pudesse verdadeiramente travar ou afectar.
Comoveu-me, e penso que a Ivone e o Tio Sebastião, também presentes, sentiram a mesma coisa. Comoveu-me a delicadeza mútua, a atenção, o carinho e a passagem de testemunho que presenciámos naquele momento. A Bisavó é Educadora, mãe de nove filhos, tem netos e bisnetos, quantos não sei, pois não houve tempo para conversas do dia-a-dia. E as crianças absorveram toda aquela paz e aquela sabedoria que só "os muitos anos", parecem ser capazes de nos proporcionar.
A bisavó estava cansada, confessou-o à chegada, com uma simplicidade que os levou a respeitar esse cansaço. Depois falou do que é ser velho, a sua realidade. Explicou que se dorme pouco e a horas em que normalmente não se quer dormir, que se tem pouca memória, que se está sempre a chorar, muitas vezes de felicidade e de emoção, e que o corpo já não consegue obedecer ao cérebro e ao coração. E tudo isto de uma forma lúdica que os cativou, ou não fosse a bisavó Educadora. Ela explicou que tem um dedo mágico, mas que o dela, porque já é velhinho, anda sempre adormecido. Este dedo mágico sempre adivinhou tudo, mas hoje, não se queria levantar e por isso estava a fazer uma birra, que é uma coisa muito feia para se fazer, e por isso duvidava que a ajudasse a adivinhar o nome dos meninos. E para o provar começou a lançar nomes ao calha o que os fez rir a bandeiras despregadas.
As crianças queriam saber como é que eram as crianças quando a Bisavó era pequenina, mas ela explicou-nos que não se lembrava muito bem e por isso não podia explicar. Em vez disso contou-lhes uma história da sua infância, a história do coelhinho branquinho, que eles até já conheciam, mas que adoraram ouvir na nova versão.
Agora uma palavra aos meninos, que se portaram melhor que muita gente grande. Ouviram, perguntaram, explicaram, partilharam, absorveram e eu estou muito orgulhosa deles. As nossas crianças são fantásticas! Que sorte eu tenho por poder estar com eles todos os dias.
Uma palavra também para o Diogo, que me comoveu pela sua delicadeza e a sua sensibilidade. Quem diria que o nosso Diogo, travesso e brincalhão, seria capaz de um cuidado assim com uma pessoa idosa. Parabéns Diogo, estás um homem!
Parabéns também aos outros amigos, que se portaram muito bem. Ontem fizeram-me muito feliz, e mais uma vez me fizeram sentir que, valeu a pena viver até aqui, só para presenciar um momento destes.
Parabéns também aos Pais, pelos filhos que têm, e muito obrigado por mos confiarem.
E à Bisavó um imenso obrigado. O dia de ontem foi um dia especial, pois, com certeza marcou para sempre a vida destas crianças. E pode voltar sempre que quiser, pois será muito bem-vinda!
Ontem vivemos um dia em cheio, um dia muito feliz! Ontem tivemos uma grande lição,foi uma lição de vida!